O grupo de hackers chamado Anonymous (“anônimo”, em inglês) está intensificando sua guerra às empresas que deixam de prestar serviços ao site WikiLeaks.
O site e o seu fundador, Julian Assange, vêm sofrendo uma forte pressão internacional, principalmente por parte dos Estados Unidos, desde que começaram a divulgar um pacote de mais de 250 mil mensagens diplomáticas secretas americanas, desde o fim de novembro.
Assange está detido em Londres, depois que um pedido internacional de prisão foi expedido contra ele pela Interpol. Ele é acusado de estupro e abuso sexual por duas mulheres suecas.
“Bombardeio” de sites
Os ataques são realizados com a ferramenta LOIC, desenvolvida pelos hackers. O software já foi baixado mais de 31 mil vezes desde o início dos problemas envolvendo o WikiLeaks.
Quando uma pessoa instala o LOIC, a ferramenta inclui voluntariamente a máquina em uma rede “botnet” - termo que define uma série de computadores infectados e controlados remotamente por meio de um vírus. Assim, esta rede “bombardeia” os sites-alvo com dados, fazendo com que sejam derrubados.
O grupo Anonymous já elegeu o site de compras Amazon como seu próximo alvo, pelo fato de a loja online ter se negado a hospedar o WikiLeaks na semana passada.
No entanto, o Amazon já está vendendo uma versão dos documentos vazados pelo WikiLeaks para seu aparelho digital de leitura (tablet), o Kindle.
Os ataques do grupo conseguiram derrubar temporariamente as páginas oficiais de Visa e Mastercard, o que também resultou em problemas para alguns usuários dos cartões de crédito destas companhias.
Além de lançar a ferramenta de ataque, o Anonymous também está ajudando a criar os chamados “sites-espelho”, que oferecem cópias exatas do conteúdo encontrado no WikiLeaks. Até o momento, há mais de mil páginas como esta.
Complexidade maior
De acordo com Paul Sop, da companhia Prolexic, que ajuda outras empresas a se defender de ataques como estes, os problemas têm sido relativamente pequenos, prejudicando pouco o tráfego de usuários no site. No entanto, ele acredita que a complexidade esteja aumentando.
"Nós observamos que a complexidade do ataque está mais devastadora e as tecnologias para atenuar estes ataques usadas pelas empresas não consegue filtrar tudo", afirmou.
Carole Thierault, pesquisadora de segurança da companhia Sophos, aconselha que ninguém se junte a rede do Anonymous.
"Ninguém deve baixar um código desconhecido no computador. Você estará dando o acesso ao seu computador para um estranho", afirmou.
Outras empresas que se afastaram do WikiLeaks, como o banco suíço PostFinance, que congelou a conta de Julian Assange, também sofreram ataques. O banco diz que o fundador do site forneceu informações falsas ao abrir a conta na instituição.
Especialistas em segurança dizem que os sites foram atacados por um mecanismo chamado DDoS (distributed denial-of-service attack, ou “ataque distribuído de negação de serviço”, em inglês), que faz com que as páginas saiam do ar.
Ativismo virtual
Antes do ataque à Mastercard, um membro do Anonymous que se intitula Coldblood (“sangue-frio”, em inglês) disse à BBC que várias ações estavam sendo executadas para afetar empresas que deixaram de prestar serviços ao WikiLeaks ou que supostamente estariam atacando o site.
"Sites que estão se curvando à pressão governamental se tornaram alvos", disse o hacker. "Como organização, nós sempre defendemos uma sólida posição sobre censura e liberdade de expressão na internet e nos voltamos contra os que buscam destruí-la por qualquer meio."
No entanto, o grupo Anonymous negou que que Coldblood seja seu porta-voz.
Com a atenção que despertou a partir dos ataques, o grupo publicou seu manifesto no qual negou que seja formado por hackers.
"Anonymous não é uma organização... e certamente não é um grupo de hackers. Anonymous é uma consciência viva online, da qual fazem parte indivíduos diferentes com, às vezes, objetivos e ideais que coincidem".
Em manifesto, Anonymous negou que hacker Coldblood seja seu porta-voz
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